A Verdade


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... de repente a verdade surgiu diante de mim com clareza, com tamanha força que não podia recusá-la. Era o que Nihal também sentia naquele momento: a verdade aparecera em toda sua espantosa clareza e ela não podia fazer outra coisa senão ser aceitá-la. Agora tudo fazia sentido, tudo adquiria uma razão de ser: a viagem, a angústia, a procura.

Sentia os braços de Senar que a apertavam na cintura e compreendia que podia finalmente descansar naquele braço cheio de desejo. Era como se seu corpo já não lhe pertencesse; sentia-se diferente, como se de repente uma parte dela se tivesse libertado. No toque das mãos de Senar sua pele renascia, seu corpo se moldava. Senar a estava chamando de volta à vida; quanto mais as mãos dele se demoravam no seu corpo, mais ela sentia que o laço que os ligava se tornava sólido e profundo. E, quando finalmente viu-se nua, compreendeu que aquela nudez era uma dádiva e que tinha valor porque quem lhe dera era ele.
Nos gestos que se seguiram disseram-se tudo o que tinham calado durante aqueles anos todos: que sempre haviam pertencido um ao outro, que não podiam viver separados, que nunca mais se sentiriam sozinhos, porque eram uma coisa só. E finalmente Nihal sentiu-se, pela primeira vez, única, completa, verdadeira. A sua procura chegara ao fim.

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Extraído do livro "As Crônicas do Mundo Emerso, volume 3: O Talismã do Poder".

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Tiago Siguinolfi de Castro

"Espero que um dia você me encontre"

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